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China desbanca Rússia no fornecimento de fertilizantes e acende alerta para o Brasil; entenda o movimento

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As compras de sulfato de amônio pelo Brasil cresceram 44% em relação a 2024, e a China foi responsável por 99% desse volume (iStock.com/AleksandarDickov)

China superou a Rússia como principal fornecedora de fertilizantes para o Brasil em 2025.

 

Essa mudança ocorreu devido à alteração no perfil de compra dos importadores brasileiros. Com a alta nos preços dos insumos, os produtores passaram a optar por produtos de menor concentração de nutrientes.

Diversos fatores influenciaram a elevação dos preços dos fertilizantes, entre eles os conflitos no Oriente Médio, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o aumento dos custos de produção provocado pela valorização da matéria-prima.

“Com a alta do preço da ureia — 13% mais cara em outubro de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado —, buscamos produtos alternativos, como o sulfato de amônio. A ureia tem 46% de nitrogênio, contra 21% do sulfato de amônio”, explica Bruno Castro, especialista em adubos da Argus.

Os nitrogenados são insumos essenciais para a produção de milho. Entre janeiro e outubro, as compras de sulfato de amônio pelo Brasil cresceram 44% em relação a 2024, e a China foi responsável por 99% desse volume. “A alta nos preços dos produtos de maior concentração elevou a demanda pelos volumes chineses”, destaca Castro.

 

Um movimento semelhante ocorreu no mercado de fosfatados, amplamente utilizados no cultivo de soja.

O MAP 11-52, um dos principais insumos do mercado brasileiro — e do qual a Rússia fornece 45% do total utilizado no país — ficou mais caro. Com isso, os produtores direcionaram sua demanda para o Super Fosfato Simples (SSP), que possui menor concentração: enquanto o MAP 11-52 conta com 52% de fósforo, o SSP varia entre 18% e 24%.

 

“A China forneceu 24% do SSP importado pelo Brasil nesse período de dez meses. Essa troca, com a China superando a Rússia, ocorre porque estamos comprando produtos de grande disponibilidade”, explica o especialista.

Ainda assim, isso não significa perda de relevância da Rússia no mercado brasileiro. De janeiro a outubro, o Brasil importou 38,3 milhões de toneladas de fertilizantes. China e Rússia responderam juntas por 50% desse total, com 25% cada — uma diferença de apenas 40 mil toneladas a favor do gigante asiático.

 

O alerta com o avanço da China

O aumento da dependência de fertilizantes chineses acende um alerta, segundo a Argus.

O mercado da China é fortemente regulado e, em períodos de demanda interna elevada, o governo pode restringir exportações, deixando o Brasil com poucas alternativas e forçando a compra de fornecedores mais caros.

Outro ponto crítico é que, por se tratar de produtos de menor concentração, é necessário dobrar os volumes para aplicar a mesma quantidade de nutrientes. Isso eleva a demanda por transporte, amplia a necessidade de armazenagem portuária e pressiona os hubs de distribuição. Ou seja, embora o custo dos insumos caia, as despesas logísticas aumentam.

Para a atual safra de soja (2025/26) e para o milho da primeira safra — já plantado —, os volumes estão garantidos. Para o milho safrinha do ano que vem, cerca de 75% dos nutrientes já foram adquiridos.

 

O foco agora é a safra de soja e milho 2026/27, que ainda possui volumes em aberto.

“Já observamos uma forte antecipação nas compras de produtos de baixa concentração — tendência que deve continuar em 2026”, afirma Castro.

No caso dos nitrogenados, a China não possui políticas de restrição para as exportações de sulfato de amônio, o que pode ampliar ainda mais o volume importado pelo Brasil, caso o preço da ureia não recue.

Questões geopolíticas seguem como fator de risco, pois qualquer nova instabilidade global pode afetar o abastecimento brasileiro.

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