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Isenção de tarifas sobre itens eletrônicos traz alívio para big techs. É hora de investir?


As ações das grandes empresas de tecnologia sofreram com a repercussão dosmercados sobre as tarifas de Trump (Foto: Adobe Stock)
As ações das grandes empresas de tecnologia sofreram com a repercussão dosmercados sobre as tarifas de Trump (Foto: Adobe Stock)

A decisão temporária de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em isentar smatphones, computadores, semicondutores e outros eletrônicos de algumas das tarifas de importação trouxe um fôlego a mais para algumas big techs americanas. Na sessão de segunda-feira (14), o maior destaque ficou com os papéis da Apple (AAPL) que, por volta das 12h30 (horário de Brasília), avança cerca de 3,31%, sendo negociados a US$ 204,93.  Já os papéis da Alphabet (GOOGL), Nvidia (NVDA) e Microsoft (MSFT)  subiram 2%,  1,18%  e 0,53%, respectivamente, durante o mesmo período. Em contrapartida, as Amazon (AMZN), Meta (META) e Tesla (TSLA) vão na direção contrárias com perdas de 0,70%, 0,99% e 0,23%, respectivamente.

Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street encerraram no azul. O Dow Jones subiu 0,78%, o S&P500 avançou 0,79% e o Nasdaq teve valorização de 0,64%. Já o dólar hoje encerrou a sessão em queda de 0,33% ante o real, a R$ 5,8512.

As ações tiveram desempenho misto no fechamento. A Apple (AAPL) teve alta de 2,21%, enquanto Alphabet (GOOGL) subiu 1,23%. Já Tesla (TSLA) avançou 0,02%. Meta (META), Nvidia (NVDA), Microsoft (MSFT) e Amazon (AMZN), por sua vez, recuaram 2,22%, 0,20%, 0,16% e 1,48%, nesta ordem.

A escalada da guerra tarifária de Trump, que resultou em tarifas de 145% sobre importações vindas da China, colocou as big techs em uma situação de risco. Isso porque as empresas, como a Apple (AAPL), dependem das importações chinesas para a fabricação dos seus eletrônicos. Com o novo recuo do presidente americano, os itens importados que são fundamentais para essa indústria ficaram livres das taxas mais agressivas, que foram reduzidas para 20%. Segundo a Casa Branca, as isenções abrangem US$ 385 bilhões em importações de 2024.

A situação, no entanto, não representa um fim da crise das big techs em torno das tarifas de Trump. A Monte Bravo ressalta que esse mercado ainda sofre com as incertezas quanto aos próximos passos do presidente americano. “Afinal, que empresário vai decidir investir em qualquer coisa nesse ambiente maluco?”, questiona a corretora em relatório divulgado nesta segunda-feira (14). Desde o dia 3 de abril, quando o mercado repercutiu o pacote das taxas recíprocas, as “7 Magníficas” , grupo que reúne as principais big techs americanas, perderam US$ 640 bilhões em valor de mercado, segundo dados da Elos Ayta Consultoria.

Veja o efeito das tarifas de Trump sobre as ações das big techs

Ação Desde o dia 20 de janeiro Últimos 7 pregões
Apple (AAPL) – US$ 478 bilhões – US$ 386 bilhões
Microsoft (MSFT) – US$ 302 bilhões US$ 47 bilhões
Nvidia (NVDA) – US$ 666 bilhões US$ 13 bilhões
Amazon (AMZN) – US$ 417 bilhões – US$ 118 bilhões
Alphabet (GOOG) – US$ 480 bilhões US$ 4 bilhões
Meta (META) – US$ 170 bilhões – US$ 102 bilhões
Tesla (TSLA) – US$ 557 bilhões – US$ 98 bilhões
Consolidado “7 Magníficas” – US$ 3 Trilhões – US$ 640 bilhões
Fonte: Elos Ayta Consultoria

Se olharmos para o desempenho do grupo desde o início da gestão Trump, o prejuízo chega a US$ 3 trilhões. Nvidia (NVDA) e Tesla (TSLA) foram as mais penalizadas com quedas de US$ 666 bilhões e US$ 557 bilhões, respectivamente. O motivo se deve à dependência dessas companhias do mercado externo para a produção de chips e smartphones. Leonardo Terroso, analista de investimentos da Asset Management Warren (AMW), avalia que, para o investidor pessoa física, a volatilidade do setor pode sinalizar uma oportunidade interessante de entrada desde que o foco do investimento seja voltado para o longo prazo. “Afinal, são empresas com fundamentos sólidos”, diz Terroso.

Contudo, a mesma avaliação não se aplica para os portfólios geridos pela AMW. A leitura da gestora com R$ 2 bilhões sob gestão é que as empresas devem levar mais tempo para uma recuperação efetiva e, por isso, preferem reduzir exposição no setor. “Temos encontrado oportunidades interessantes em outras geografias e setores. É o caso de empresas de tecnologia chinesas, como a Baidu, que vêm se destacando com o avanço da inteligência artificial”, acrescenta o analista.

 

Vale lembrar que, em 2021, a gestora já teve uma posição relevante em big techs ao investir nas ações da Nvidia (NVDA). Na época, os papéis correspondiam a cerca de 3% do portfólio da AMW e, com o crescimento exponencial da companhia, a gestora conseguiu um rendimento pouco mais de 7.000% em três anos. Veja os detalhes nesta reportagem.

Marcelo Cabral, CEO da Stratton Capital, gestora de investimentos focada no mercado americano, também prefere ficar de fora das big techs até entender qual será a decisão final de Trump. Para ele, a isenção temporária dos itens eletrônicos não representa um recuo, mas uma estratégia do republicano em adaptar a política às condições do mercado. “Eu não acredito em um recuo de Trump e, por isso, que continuo com a visão de que as quedas (das big techs) ainda não chegaram no seu limite. Por isso, não vejo um bom momento para alocar capital no setor”, diz Cabral.

A análise do especialista se baseia nas mensagens de Trump ao mercado no fim de semana. No domingo, o presidente americano postou em sua rede social Truth Social que “não foi anunciada nenhuma exceção de tarifas na sexta-feira”. Segundo o chefe da Casa Branca, os produtos tecnológicos estão sujeitos aos 20% da tarifa já existentes e devem ser realocados para um regime tarifário diferente. “Ninguém vai ficar livre por causa das balanças comerciais injustas e das barreiras tarifárias não monetárias que outros países usam contra nós, especialmente a China que, de longe, nos trata da pior maneira”, escreveu Trump na rede social.

O pacote tarifário para o setor deve surgir após a conclusão das investigações sobre tarifas de segurança nacional. O argumento sobre a necessidade das tarifas ajuda o presidente americano anunciar as medidas protecionistas sem o aval do Congresso. “O que está claro é que precisamos fabricar produtos nos Estados Unidos e que não seremos reféns de outros países, especialmente nações comercialmente hostis como a China, que farão tudo ao seu alcance para desrespeitar o povo americano”, acrescentou Trump.

Fonte : Estadão

Com informações do Broadcast

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